domingo, 21 de fevereiro de 2010

Trova do vento que passa...

Olá pessoal,
Hoje enquanto viajava através da voz da grande diva, Amália Rodrigues, e decidi partilhar com vocês um poema de 1969...Leiam e digam se não é ainda actual para quem se encontra fora do que é seu...

Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Poema de Manuel Alegre

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Solidão


Ó solidão! À noite, quando, estranho,
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra... E continuas.
Todo o vento é poeira... E continuas.
A Lua, fria, pesa... E continuas.
Uma hora passa e outra... E continuas.
Nas minhas mãos vazias continuas,
No meu sexo indomável continuas,
Na minha branca insónia continuas,
Paro como quem foge. E continuas.
Chamo por toda a gente. E continuas.
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas.
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas.
Eterna, continuas... Mas sei por fim que sou do teu tamanho!

Pedro Homem de Mello


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dia de São Valentin

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Maria Armanda


Depois de várias tentativas e complicado uma Biografia completa de Maria Armanda, como tal fica este pequeno texto sobre esta grande artista...
Maria Armanda, nasceu em Lisboa em 1942.
Como verdadeira "alfacinha", não resistiu aos encantos do fado, emblema de uma vida cheia de "vidas", apanágio de quem ama o seu dia a dia, hora, minuto e cada segundo de um percurso que ela sempre quis apaixonado, ao abraçar cada um dos seus objectivos, como se fosse o primeiro.
Com uma alma do tamanho do mundo, Maria Armanda, extravasa o sentimento que habita na "cidade branca", levando-o nas asas da sua voz "lusitana", até às mais longínquas paragens, conseguindo a unanimidade de quem, verdadeiramente ama a vida.
Pode ser ouvida, regularmente, no ambiente tradicional do fado, em Lisboa; cantou em quase toda a Europa: Brasil, Venezuela, Canadá, lugares familiares ao seu talento; os principais programas de TV não prescindem da sua forte presença, canta grandes poetas e músicos portugueses, e a sua afirmação continua a ser uma constante, procurando o sucesso, pela sua maneira de ser e de viver, em cada disco que grava, em cada presença no palco.
Actualmente faz parte de um grupo com outros fadistas intitulado “Entre Vozes”.

BASTA NÃO VIRES UMA NOITE

Basta não vires uma noite
Pra que o ciúme pernoite
Nos lençóis da minha cama…
E é tão grande essa tristeza
Que se acende, concerteza,
No meu olhar uma chama.

Chama que aos poucos devora
Os lugares, onde lá fora,
Passeias a ilusão…
E nesse fogo, assim posto,
Aceso plo meu desgosto,
Queima-se o meu coração.

Assim, em cada segundo,
Todo o ciúme do mundo
É no meu peito um açoite…
Em solidão, enlouqueço,

Eu morro, mas não te esqueço,
Basta não vires uma noite!

Poema de Mário Rainho.

Viajando

Boa noite pessoal,
Bem enquanto ouço aqui um novo album que comprei (album prateado do fado) penso na vida, nos amigos, em tudo um pouco...
E nisto tudo pensei numa questão, "Se os animais ás vezes nos trocam, nos traiem, como é que podemos pensar o contrário de algumas pessoas? Se tanto ouço dizer que há pessoas piores que muitos animais!"...ah pois é! Esta é uma realidade.
Bem e é só pois estava aqui e pronto resolvi partilhar...
Boa noite a todos!
Até uma proxima...